Ucrânia. Ialta, Sevastopol, Kiev, Odessa
Percorro o mais longo trajecto de Trolleybus do mundo, num Trolley do tempo da União Soviética – até o preço parece ser desse tempo, 3 UAH à volta de 30 cêntimos -, desconfortável, muito lento, e apinhado de gente. Os 85 Km que ligam Simferopol a Ialta, em 2h e 45 min, são passados a remexer-me dum lado para o outro, levantando-me e sentando-me aqui e ali, de maneira a tentar disfarçar a dor que assola as principais articulações dum corpo que começa já a não ter idade para estas andanças. Leva-me a Ialta a ideia de realizar um percurso de trolley que tem os seus dias contados, mas também, visitar a cidade e os palácios “Ninho de Andorinha” e Livadia.
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Ialta foi construída no século XIX afim de travar o alargamento da tuberculose que infectava muitos membros da então aristocracia. Os seus inúmeros sanatórios foram, posteriormente, transformados em luxuosos hotéis, tornando-se a cidade numa estância balnear dos russos e ucranianos mais abastados. O passeio junto à praia é extremamente bonito com o doirado das palmeiras, o verde das montanhas e o azul-turquesa da água a servirem de pano de fundo. Chama-me a atenção a estátua de Lenin uma das poucas que sobreviveram, na Crimeia, à queda do comunismo e a catedral Alexander Nevski uma espantosa peça de arquitectura Neo-Bizantina de fino recorte.
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Decido fazer um passeio de barco para ter a mais espectacular abordagem ao palácio “Ninho de Andorinha” e me refrescar dum sol abrasador que me queima as emoções. Tal como muitas estrelas de cinema, o palácio é mais pequeno ao vivo do que parece em muitas fotografias. O palácio em si não é nada de muito especial e vale pela paisagem que oferece numa combinação perfeita entre montanha e mar a fazer lembrar as praias da Arrábida. De tarde visito o palácio Livadia. Este foi o local onde se realizou a conferência de 1945 entre os Presidentes de Estado do Reino Unido, Churchill, dos Estados Unidos, Roosevelt e da Ex-União Soviética Estalin, redefinindo as novas fronteiras da Europa do pós II Grande Guerra Mundial.
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Interesso-me por Sevastopol devido à guerra da Crimeia, entre 1854-56. A Rússia conquistou a Moldávia e a Valáquia pertencentes ao então decadente império Otomano afim de assegurar a rota comercial entre o Mar Negro e o Mediterrâneo. O Reino Unido e a França aliaram-se aos turcos opondo-se à ofensiva russa que colocava em risco as suas rotas para a Índia e colónias do norte de África. Na tentativa de recuperar Sevastopol, os aliados cercaram-na durante 349 dias ao longo dos quais ocorreram inúmeras batalhas. A cidade é também conhecida por albergar a maior frota naval da Rússia no mar Negro. Isso é visível não só no navios atracados na base, mas também, nos vários edifícios com a bandeira russa hasteada. A cidade esteve encerrada a turistas até 1996 e seus únicos habitantes eram marinheiros e suas famílias, traduzia-me a Svetelana, uma ucraniana a trabalhar em França, numa excursão de barco que fiz pelas baías de Sevastopol.
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Apesar do percalço na chegada à cidade, não deixei de a visitar. O dia estava chuvoso, escurecendo ainda mais uma cidade cujos prédios são edificados em tom acinzentado e que em comparação com outras capitais europeias tem muito pouco para visitar. Gosto da visita que faço à Mosteiro Lavra. Trata-se do maior complexo religioso da Ucrânia, preenchido com inúmeros locais de oração – capelas e igrejas, casas de habitação dos monges e um curioso labirinto religioso subterrâneo onde descansam os corpos de nomes importantes da igreja de Kiev. Desço tranquilamente a rua Andrivski, regalando a vista com trabalhos artesanais, pinturas, os mais variados objectos do tempo soviético e da II Guerra Mundial e noivos pousando para a fotografia nesta que é a rua mais emblemática de Kiev.
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Odessa é encantadora, referem as brochuras turísticas locais, Aliás esse era o desejo da czarina Catarina II, quando ordenou edificá-la no século XVIII. Encontro uma cidade com edifícios e meios de transporte velhos, do tempo do comunismo, a precisarem urgentemente de remodelação – nem parece que esta vai ser uma das cidades do próximo Euro-2012 em Futebol. A visita à cidade vale sobretudo por nos deixarmos envolver por uma multidão que enche as principais estradas pedonais magnificamente arranjada numa exaltação permanente à beleza eslava. Quem por aqui passa não deixa de visitar a Arcádia, a mais conhecida e frequentada das praias da cidade. É uma praia de areia, cortada por pontões que lhe dão um ar mais abrigado. A água é quente, semelhante à do Mediterrâneo, não estivesse a cidade à beira Mar Negro plantada.
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Chama-me a atenção o preço reduzido dos meios de transporte na Ucrânia. Em Odessa paguei pelo percurso de ida e volta, entre o centro da cidade e a praia, qualquer coisa como 0,18€. Pelo autocarro entre Odessa e Chisinau na Moldávia 4,50€. Em Kiev andei várias vezes de Metro e por cada uma delas paguei, 0,15€. Na Crimeia, no percurso de ida e volta de Trolleybus entre Simferopol e Ialta (86 Km) paguei 0,55€. No Mini Bus “Marsrhutkas” ida e volta entre Simferopol e Sevastopol (80 Km), paguei 3,70€. Em Simferopol andava de Mini Bus por 0,18€ cada viagem. A contrapor tudo isto foi o que paguei para vir de Kiev para Odessa no comboio nocturno, 58€. A alternativa mais barata não me permitia ter tempo para visitar Kiev. Fiz a viagem num compartimento com 2 camas mas que nesse dia só eu o ocupei. Viajei em 2.ª classe com condições de 1.ª.
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