Marrocos. Marraquexe e Ouarzazate

A aventura marroquina (Marraquexe e Ouarzazate) teve início com a viagem de comboio. Primeiro, entre o aeroporto de Casablanca e a estação ferroviária de Casa Voyaguers. Da janela vislumbrava-se uma paisagem característica dum país pobre. Bairros-de-lata, lixo do chão - reciclar é, infelizmente, um privilégio dos países desenvolvidos, crianças a brincar num rio poluído e a acenar aos turistas incrédulos. Depois de cerca de uma hora de transbordo, foi tempo de embarcar em Casa Voyaguers com destino a Marraquexe. A maior parte das pessoas que entraram nesta estação não tiveram lugar sentado. O comboio vinha cheio e os passageiros tiveram de se amontoar no corredor das carruagens. Passado 15 minutos e após ter parado numa uma estação, lá conseguimos arranjar dois lugares num compartimento para oito pessoas, cheio de homens a tresandar de suor. As opções não eram muitas, caso contrário, seria uma viagem de 3 horas de pé e debaixo de 35 graus centígrados.


Uma vez chegados a Marraquexe não imaginávamos o quão difícil seria encontrar a Riad – casa tradicional de Marrocos onde os quartos se dispõem ao redor de um pátio com um chafariz no centro. Sem a ajuda do Hamim, um rapaz de 16 anos de idade que durante as suas féria escolares, ajuda turistas a se orientarem no seu primeiro dia de Medina, não conseguiríamos encontrar a Riad, escondida no meio de um beco, que não convidava à sua descoberta.

Depois de um primeiro dia fatigante devido essencialmente às viagens de avião e comboio, nada melhor, do que jantar repousadamente, um frango com cuscus, num restaurante tradicional marroquino mesmo em frente à praça Djeema El Fna. A cidade de quase um milhão e meio de pessoas fervilha em torno desta enorme praça com encantadores de serpentes, vendedores de dentes postiços, e marroquinas que pintam as mãos e pés das turistas embevecidas.
A experiência do Souk.
Souk, significa mercado em árabe, e perdermo-nos pelas suas ruas estreitas cobertas por telhados de canas, salpicadas por lojas que preenchem o nosso imaginário das mil e uma noite é uma experiência inolvidável. Aqui uma bússola ou mesmo um GPS de nada serve. Os turistas deixam-se levar pela magia do espaço onde as cores se confundem com o cheiro dos mais variados artigos. Viver o Souk é perdermo-nos no tempo que para alguns turistas chega a ser 4 e 5 horas ou mesmo o dia todo. A experiência do Souk passa também pelo prazer de regatear (herança deixada pelos árabes “portugueses” e que muito nos agrada). A melhor estratégia é baixar o valor para metade, para no final, se encontrar um valor intermédio.



Visitar Marraquexe no verão (num dos dias esteve 50 graus ao sol) empurra-nos para o ar condicionado dos hotéis nas horas de maior calor. Como consequência, muito do que merece a pena visitar está fechado, quando pelas 6 ou 7 horas tarde se consegue sair. A esta hora, os passeios levam-nos ao coração da cidade a, inevitável, praça Djeema El Fna, onde se pode refrescar com um belo copo de sumo de laranja (3 Dirames, ou seja 30 cêntimos) passear de charrete, caminhar em torno da mesquita “Koutoubia” (interdita a estrangeiros) e jantar num dos vários restaurantes de comida típica marroquina. Aconselha-se o “Grand Café” que a partir do seu enorme terraço se pode avistar a praça, dum ângulo mais alto. Imperdível.


Quem viaja para o sul de Marrocos deve visitar Ouarzazate . A viagem de autocarro é um verdadeiro teste à resistência física. Pois das 4 horas e meia de viagem, mais de metade, é passada em pleno Alto Atlas entre acelerações e travagens curvas e contracurvas e vómitos de estômagos mais sensíveis. De tradicional este cidade tem muito pouco, pois foi edificada pelos franceses durante a época do colonialismo magrebino. Na cidade vale a pena visitar o Kasbah de Taourit e o seu palácio. Ficámos hospedados no Hotel Ibis que para além de um excelente atendimento para um hotel de 3 estrelas oferece aos seus hóspedes uma piscina que ajuda a refrescar nas horas de maior calor. À noite um jantar no restaurante “La Kasbah”, de frente para o palácio ajuda a retemperar energias para o dia seguinte.







Os pontos de maior interesse turístico de Ouarzazate, encontram-se fora da cidade. De salientar o Oásis Fint e o Kasbah de Ait Benhaddou. A paisagem em torno de Ouarzazate é árida e lunar, salpicada aqui e ali por oásis de terra fértil e água abundante. O mais bonito de todos é o de Fint. A sua extensão é grande e um passeio em redor deste oásis pode levar 2 horas. Este território comunitário vive da agricultura e as suas áreas cultivadas alimentam os autóctones. Os mais novos para além de ajudarem os seus pais na vida do campo, frequentam a escola do oásis. Os cerca de 700 habitantes têm de se deslocar cerca de 30 Km, para a povoação mais próxima (Ouarzazate) quando precisam, por exemplo, de cuidados médicos.



No final do dia visitámos aquilo que de acordo com as minhas pesquisas mais me atraía na viagem a Marrocos – o Kasbah de Ait Benhaddou. As minhas expectativas não saíram, felizmente, desfraldadas, O sítio é tal e qual como imaginava, um cenário saído de um filme das arábias. E não estou muito longe da realidade, pois muito recentemente foi aqui que foi gravado o filme “O Gladiador”. Este local inscrito na lista do Património da Humanidade da UNESCO tem sido recuperado nos últimos anos e ainda hoje se consegue ver como os locais constroem os tijolos de lama, palha e pedras que alicerçam as casas da vila.


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